terça-feira, 22 de novembro de 2011

Dando tempo ao Tempo...

Um segundo pode valer quanto?

Um segundo pode engolir o mundo. O Tempo é o verdadeiro buraco negro, é aquele que some com o que quer que seja. Envelheço e renovo meus pensamentos, somos todos fênix apavoradas com medo do fogo. Mas a destruição pode ser tão bela, meu bem...

O Tempo me desgasta carinhosamente, é a brisa, é o sol, é a vida que corre solta. O amor que me sorri é ti também, Tempo. São os dias felizes que estão ali marcados, em algum lugar da enorme sequência da existência, que se desenrola lá nas nuvens e dentro de nós, traduzidos num filamento duplo e único em cada um.

És tão romântico, Tempo! És tão discreto. Por vezes não te noto. Teus carinhos me embalam e vedam a visão, diz-me “fechai esses tolos olhos”. Tolos até onde? Tolos até quando? Tolos até que tu resolvas que já não é mais a hora de fazer-me tola, até que os segundos desmistifiquem um mundo inteiro, doce, azedo, não importa – é um mundo novo. Moldado pelo Tempo, escondido minuciosamente pelas horas até que me fosse a hora de descobri-lo... descobrir-me.

Tu és sábio, Tempo. Tu não te distrais com Justiça ou Beleza, manténs a devida distância para não perderes teu foco. Imagina então se tivesses que governar com a ajuda de duas incompetentes fofoqueiras... Ah, aí então terias que ouvir reclamações humanas simplórias, as quais um certo deus já não aguenta mais. Fazes bem em manter-te isolado, apagando e recriando a vida, retocando, inventando, experimentando.

Quanto de ti precisarei para esquecer as mágoas? Quanto de ti ainda me resta até que eu reconheça a continuação do ciclo? Preciso do teu veneno para continuar vivendo, nem que seja por um pouco mais; desejo-te, mesmo sabendo que isso só prolongará meu sofrimento...

Quanto de ti preciso para ouvir aquelas palavras novamente, Tempo? Se ao menos compreendesses... Ah, se compreendesses deixarias de ser sequencial, lógico, cronológico. Se compreendesses, se tivesses sentimentos, seríamos então dois tolos, e nada poderias fazer por mim. Ainda prefiro jogar no escuro a enxergar um mundo estático.

Quanto tempo, Tempo?

Um segundo apenas?


sábado, 19 de novembro de 2011

Após você.

Gosto de coisas que existem por um motivo... Exceto o amor.

Ubíquo, não há necessidade de apresentar-se formalmente ou justificar-se. Ele há sem causa aparente ou duvidosa; há amor porque há o humano, porque um é outro, e sem homem não existiria amor, e sem amor não existiria homem.

Se o que tem razão nos apetece, num apelo à lógica, enquadrado em definidos conceitos que levam a relações causa-efeito, por outro, o amor nos deslumbra / destrói, em simultâneo paralelismo; buscamos o ponto de encontro entre os extremos, que quiçá não exista sequer no horizonte infinito. Porque, se alguém um dia o encontrar, perde-se a realeza, o barroco some, o véu não só cai como desfaz-se antes de chegar ao chão - e para sempre... E amor vira razão, fórmula matemática, sem sentido e sem aplicação.

Amor equilibrado, onde já se viu?

(Bom saber que ainda sou inocente a ponto de escrever algo tão irracional, ilusório e auto-destrutivo! Ah, alívio!)

sábado, 5 de novembro de 2011

Nas poéticas palavras de outrém...

"Essa é a Joana que conheço. Estende a mão, dá um belo apoio, ajuda a quase se levantar e, quando o equilíbrio está quase que completamente recobrado ao corpo, solta a mão e leva o indivíduo a uma nova queda, segunda e humilhante."

(Anônimo, de um amigo folgado)

Existem horas na vida em que paramos e pensamos "está na hora de rever meus conceitos". E existem aquelas outras horas na vida em que pensamos...

"Mas está tudo tão divertido."

Talvez eu não preste mesmo, não porque ache certas facetas da vida divertidas, mas porque me divirto exatamente por acalentá-las em meu âmago. E por usar palavras bonitas com um assunto tão depravado.

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Essa mesma pessoa me disse que o ser humano não passa de um merda.

Gostaria de dizer para ela que não é bem assim. Que generalizar é feio. E que ela está sendo altamente contraditória quando diz isso. Porque eu não a acho um merda. Porque eu gosto muito dela, mesmo sua auto estima sendo irrisória.

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Suplico por silêncio em meio à calamidade de minha mente, em cujos cantos o mundo insiste em batucar sem sossego. Ambígua, e como vou agir? Se mal sei como dizer o que sinto, se mal sei o que sinto. Se diversão e pena se misturam numa mesma frase, talvez seja porque não há solução para minha pessoa... Venho descobrindo que "agir" é uma das palavras mais vagas que existem, a partir do momento em que decidi sobreviver.